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Em defesa do casamento: quando direitos são usados para exterminar a liberdade

S. Michael Craven
Presidente, Center for Christ & Culture
O comunismo soviético tentou construir uma sociedade sob um novo sistema social e ético que subverteu a ordem moral natural. Ao fazer isso, as pessoas foram forçadas a viver em contradição à própria consciência. Sem a influência da consciência, o governo moral muda do indivíduo para o Estado. A lição aqui é esta: quando a sociedade exige uma conduta que contradiz o que a humanidade sabe no coração que é certo e verdadeiro, o Estado imporá tal conduta. Esse princípio é resumido na “Lei de Colson”, que essencialmente declara que quanto mais uma sociedade é governada pela consciência, menos exigirá em policiamento e obediência forçada da lei. Quanto menos consciência, ou domínio próprio (que é governar a si mesmo), mais policiamento será exigido (isto é, totalitarismo).
Esse mesmo padrão acompanha os esforços dos ativistas gays, que buscam legitimar os atos homossexuais por meio da imposição do “casamento” homossexual. Incapazes de contar com os meios democráticos para avançar sua agenda, os militantes homossexuais fazem uso de juízes ativistas, campanhas de propaganda, doutrinação dos jovens e táticas de intimidação para impor sua visão moral.
A essência da agenda homossexual e suas reivindicações exigindo a legalização do “casamento” homossexual nada tem a ver com a expansão de direitos civis. Seu compromisso, na verdade, é impor na sociedade uma ordem inteiramente diferente. Paula Ettlebrick, ex-diretora legal do Fundo de Defesa Legal Lambda, confirmou isso quando disse:
Ser homossexual é mais do que arrumar a casa, dormir com uma pessoa do mesmo sexo e buscar a aprovação do governo para fazer essas coisas… Ser homossexual significa mudar os padrões do sexo, sexualidade e família e, no processo, transformar a própria estrutura da sociedade (citado em William B. Rubenstein, Since When is Marriage a Path to Liberation? Lesbians, Gay Men, and the Law [NY: New York Press, 1993], 398, 400.).
Na mente dessa gente, é o Cristianismo (e as religiões em geral) que está atrapalhando essa transformação social. Portanto, é inteiramente natural que à medida que o “casamento” gay ganhe terreno, a conseqüência seguinte é a supressão da liberdade de religião e a perseguição religiosa. A professora de direito da Universidade de Harvard Mary Ann Glendon reconheceu essa conseqüência real da legalização do “casamento” homossexual. Ela escreve:
A liberdade religiosa também está em jogo… Toda pessoa e toda religião que discordar será tachada de intolerante e sofrerá discriminação pública. Duras penalidades serão aplicadas especialmente para pessoas e grupos religiosos que não seguirem [os novos padrões sociais]. As instituições religiosas sofrerão processos se recusarem negociar seus princípios (Mary Ann Glendon, “For Better or for Worse? The federal marriage amendment would strike a blow for freedom,” opinion post to online editorial page, The Wall Street Journal, 25 February 2004).
Sob a dura pressão dessa minoria tirânica, as nações ocidentais já começaram a criminalizar e suprimir qualquer crítica pública ao homossexualismo, violentando nossos direitos mais fundamentais de consciência e livre expressão.
Na Colúmbia Britânica, Canadá, o Dr. Chris Kempling, conselheiro escolar, foi suspenso sem salário por três meses em 2005 por escrever uma carta ao editor do jornal local criticando a legislação de “casamento” homossexual do governo liberal. Em 2006, o professor canadense David Mullan foi multado em $2.100 pela Universidade Cape Breton, depois que disse a um estudante que o homossexualismo não é natural.
Em janeiro de 2007, Christian Vanneste, membro do partido governista da França, foi multado em $4.000 sob a lei de expressão de ódio por comentários contrários ao homossexualismo. O que foi que ele disse que foi tratado como se fosse crime? Vanneste ousou sugerir que o homossexualismo é “inferior” à heterossexualidade e disse que a prática homossexual seria “perigosa para a humanidade se fosse promovida até aos limites”.
Em 2007, a Associação de Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (ABGLT) entrou com ações criminais contra o ativista cristão Julio Severo e contra a Visão Nacional para a Consciência Cristã (VINACC) por incitarem “ódio” aos homossexuais e por “homofobia”. A queixa foi feita porque Severo regularmente denuncia a conduta homossexual como imoral em seu site, e se opõe às metas do movimento homossexual. A VINACC sofreu ações legais pelo simples fato de denunciar a conduta homossexual como pecado durante uma campanha para promover os valores da família. Como resultado, o ministério recebeu ordens de cancelar sua campanha e eventos relacionados.
Nos EUA — a terra da liberdade — um fotógrafo cristão que não quis fotografar uma “cerimônia de compromisso” de um “casal” homossexual foi levado à Secretaria de Direitos Humanos no estado de Novo México (SDHNM) em janeiro deste ano. A loja Fotografias Elane recusou o trabalho porque suas convicções estavam em conflito com a mensagem que a cerimônia passava. O “casal” homossexual entrou com um processo na SDHNM, que agora está julgando por discriminação de orientação sexual Fotografias Elane sob as leis estaduais anti-discriminação.
Em 2007, June Sheldon, professora assistente que estava ensinando um curso de hereditariedade humana na Faculdade Municipal de San José, foi demitida por responder à pergunta de um estudante na sala de aula sobre hereditariedade e conduta homossexual. Aparentemente, a professora Sheldon não ofereceu ao estudante a resposta “certa”. Marcia Walden, conselheira na empresa Computer Sciences Corporation em Atlanta, foi demitida depois que escolheu encaminhar para outro colega uma pessoa que buscou aconselhamento num relacionamento homossexual.
A Secretaria de Direitos Humanos de Nova Jérsei ameaçou processar a Associação de Acampamento Ocean Grove da Igreja Metodista Unida depois que a associação recusou permitir uma cerimônia de união civil homossexual num de seus salões de culto. Estudantes do Condado de Boyd, no Kentucky, foram ameaçados com “suspensão” e a “possibilidade de encaminhamento ao tribunal” se expressassem publicamente objeções morais ao treinamento de diversidade da escola, que tratava a conduta homossexual como normal. Um estudante colegial de Michigan foi suspenso por se recusar a remover uma etiqueta “Sou Heterossexual” de sua camiseta quando outros estudantes estavam usando um adesivo na boca para mostrar apoio ao Dia Nacional do Silêncio, um evento homossexual.
E num ato muitíssimo absurdo, as editoras evangélicas Zondervan e Thomas Nelson estão enfrentando um processo federal de $60 milhões por publicarem traduções “homofóbicas e prejudiciais” da Bíblia. O processo foi iniciado por um homem que afirma que ele e outros homossexuais têm experimentado sofrimento com base no que o processo afirma é uma interpretação errada da Bíblia.
Essa é apenas uma minúscula amostra das muitas ações ocorrendo à medida que o “casamento” homossexual se torna o centro das atenções. Isso nada menos é do que tirania e injustiça sob a bandeira da tolerância e aceitação. Com o avanço do movimento de “casamento” homossexual, a conseqüência é um aumento da tirania do Estado — um conceito impensável nos EUA. Contudo, essa é uma conseqüência previsível quando se impõe um valor moral que contradiz a verdade moral e a consciência humana.
S. Michael Craven é fundador e presidente do Center for Christ & Culture. Michael é o autor de Uncompromised Faith: Overcoming Our Culturalized Christianity (Fé sem negociação: vencendo nosso Cristianismo culturalizado), publicado por Navpress e programado para vendagem em janeiro de 2009. O ministério de Michael é dedicado à renovação dentro da igreja e trabalha para equipar os cristãos com uma abordagem inteligente e totalmente cristã em assuntos de cultura a fim de demonstrar a relevância do Cristianismo para todos os aspectos da vida. Para mais informações sobre o Center for Christ & Culture, visite: www.battlefortruth.org
Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com